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 UMA NOVA CHANCE PARA ESTILISTAS E PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Daniela Auler é organizadora do Concurso em São Paulo e conta como funciona esse processo

Vídeo cedido  por Daniela Auler

Por: Fernanda Perez

Trazer para a sociedade de uma forma lúdica as questões e o universo das pessoas com deficiência e estimular estudantes e profissionais da área a criarem soluções que facilitem o cotidiano dessas pessoas na hora de escolherem suas roupas são os principais objetivos de Daniela Auler, uma das organizadoras do Concurso De Moda Inclusiva de São Paulo.

O projeto foi concebido com a criação da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, em 6 de março de 2008. Foi quando foi, criada a lei complementar Nº 1.038, a qual estabelece que “à Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência cabe exercer funções que contribuam para a adequada condução das políticas públicas que visem à melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência e de suas famílias”.

Com isso, e por acreditar que a moda influencia as pessoas com deficiência da mesma forma que influencia uma pessoa sem deficiência, Daniela Auler começou a realizar um estudo nas Unidades da Rede de Reabilitação Lucy Montoro onde na ocasião a Dra. Linamara Rizzo Battistella, médica fisiatra já percebia a dificuldade dos pacientes em se vestir sozinhos, e como uma roupa pensada de forma universal poderia beneficiar essas pessoas. A partir desses estudos, projetos e ações foram pensados, desenvolvidos e implementados para melhorar a qualidade de vida e promover a cidadania das pessoas com deficiência, sendo um deles o Concurso de Moda Inclusiva.

Segundo Daniela, a moda   inclusiva permite que o indivíduo tenha voz de escolha e garante que o mesmo tenha confiança para ir a qualquer evento de forma elegante e não prejudicial à saúde, que com a moda que temos hoje não é tão possível. “A Moda é direito de todos, mas não é uma lei imposta, se vestir é necessidade básica. É a forma como nos apresentamos ao mundo”.

Foto cedida por Daniela Auler

As peças são feitas tendo como princípio o foco da modelagem na ergonomia da pessoa para proporcionar uma maior mobilidade, autonomia e, ainda, funcionalidade, para que sejam utilizadas para o bem estar e saúde das pessoas.

Em algumas peças, o uso de velcros podem substituir zípers, já botões de pressão podem substituir os botões de casa, facilitando assim o vestir de pessoas com pouca mobilidade, força e baixa coordenação motora fina. Já aos deficiências visuais as etiquetas em Braille, facilitam a escolha e organização do look no armário.

Desde de 2013 o Concurso elabora e disponibiliza no site uma publicação com o descritivo completo dos looks selecionado no ano respectivo. Está em PDF, pode ser baixado gratuitamente. 

INOVAÇÃO NA CONFECÇÃO DAS PEÇAS

Foto cedida por Daniela Auler

Foto cedida por Daniela Auler

A MODA INCLUSIVA E O MERCADO BRASILEIRO

Fomentar o mercado têxtil a oferecer bens e serviços voltados para esse público é outra meta buscada pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo. O Brasil tem, hoje, cerca de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Somente no Estado de São Paulo, esse número ultrapassa 9 milhões.

Por isso, para Daniele, é sempre necessário continuar trabalhando para que as pessoas com deficiência tenham acesso físico as lojas, araras e provadores e encontrem produtos que possam auxiliar na sua autonomia, “que o mercado absorva esse novo conceito e comercialize para que possamos atender a demanda. Desde a primeira edição do Concurso de Moda Inclusiva é nítido o aumento de trabalhos acadêmicos no tema, e também o surgimento de novas marcas pensando nesses conceitos”.

AS ETAPAS DO CONCURSO

Na primeira etapa é constituída uma Comissão Julgadora para avaliar os trabalhos inscritos que selecionará os 20 melhores trabalhos que participarão da segunda fase do concurso, os critérios pelos quais os trabalhos serão avaliados são: adequação ao tema, pesquisa, desenvolvimento e inovação, criatividade e estilo, linguagem de moda e ficha técnica.

Cada um dos vinte participantes selecionados receberá 8 metros de tecido para confecção de suas peças, que serão apresentadas durante um desfile. Estudantes matriculados em instituições de ensino superior ou escola técnica, ou profissionais formados na área de Moda e Saúde de qualquer cidade e país, podem participar desse concurso, basta fazer a inscrição e enviar de 1 a 3 looks para serem analisados e selecionados.

E, de acordo com Daniela Auler, mesmo as pessoas que não passam para a segunda fase, ou que não são premiados ao final do concurso, fazem questão de escreverem seus relatos, propondo looks ou agradecendo a oportunidade. Alguns desses relatos podem ser conferidos no site do concurso.

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