DO PRECONCEITO À MISSÃO DE VIDA
Por: Vinícius Fascina
Há seis anos trabalhando com moda, Eduardo Inácio Alves, de 25 anos, nascido e criado no Mato Grosso do Sul, não esperava encontrar na moda inclusiva uma oportunidade de crescimento profissional.
Logo que terminou a graduação em Design de Moda foi o estado do Rio de Janeiro fazer um curso técnico de beneficiamento têxtil onde se aperfeiçoou em estampa, tingimentos e efeitos do jeans, o que o ajuda muito a desenvolver suas roupas.
Depois de concluir esse curso técnico, Eduardo retornou a o Mato Grosso do Sul e deu inicio após graduação em Moda, Mercado e Comunicação. A cerca de dois anos, ele dá aulas numa instituição de ensino do próprio estado e também possui um atelie onde produz as próprias roupas e e tem como principal objetivo trazer a moda inclusiva para a marca de roupa que desenvolve.
Eduardo relata que ao saber do Concurso de Moda Inclusiva de São Paulo, ficou relutante em participar. ele acompanhava as notícias que estavam sendo divulgadas sobre as inscrições para o concurso e tinha um certo preconceito em relação ao evento, então simplesmente ignorou o que via a respeito do assunto.
Fotos cedida por Eduardo Inácio

No ano seguinte, quando o processo de inscrição teve início, o estilista resolveu pesquisar sobre como era feita a seleção a e quais eram os objetivos do concurso de inclusão de São Paulo. Ao se aprofundar no assunto, ele descobriu que esse nicho de mercado ainda é muito pequeno no Brasil, que existem poucas marcas que fazem roupas voltadas para pessoas com deficiência, e que essas empresas se preocupam com a modelagem desse público mas o design ainda é precário. Então Eduardo viu no concurso a chance de apresentar peças funcionais mas também que tivessem estilo e resolveu se inscrever.
No ano de 2015, ele foi selecionado para o final do concurso com um look chamado Mandacaru, no qual homenageou o universo da xilogravura, que é a arte de fazer gravuras em relevo. Esse look era um macacão multifuncional, que poderia ser usado como uma calça flare, como um top ou como um macacão, com uma estampa exclusiva e aberturas totais na lateral, bolsa coletora e argolas, para ajudar a pessoa com deficiência na hora de se vestir. No dia 15 de outubro desse ano, Eduardo garantiu o 1º e 2º lugar na oitava edição do Concurso de Moda Inclusiva de São Paulo, com looks para cadeirantes e pessoas que usam próteses.

Foto cedida por Eduardo Inácio
Ao lidar com esse mercado da moda, Eduardo afirma que a moda inclusiva se tornou "uma missão de vida", que aprende diariamente com os modelos e com os concursos que participa. "Eles são inspiradores, fazem coisas que eu não consigo fazer. Eu aprendi muito com esse universo de moda inclusiva e tenho como missão tanto difundir isso para os meus alunos, quanto trabalhar mais nessa questão, começar a produzir".
Eduardo está reformulando toda a sua marca para confeccionar peças todas adaptadas, que poderão ser usadas para pessoas com deficiências ou não, que terão como intuito facilitar a vida da pessoa que comprá-la, uma moda universal.
O estilista vê na moda uma forma de inserir a pessoa na sociedade, de fazer ela ter vontade de sai de casa e saber que terá uma roupa que não irá incomodá-la. "Nós temos um percentual muito grande de pessoas com deficiência no Brasil. Essas pessoas necessitam de roupas com um design, com um caimento, de roupas confortáveis tanto quanto a gente".
Foto cedida por Eduardo Inácio
